O contexto histórico nos mostra que as danças
campestres da Normandia e da Inglaterra, no século XVIII, foram o grande berço
das quadrilhas juninas. No século XIX, dos salões nobres das cortes francesas,
a dança espalhou-se por todo o continente europeu, chegando ao Brasil com os
portugueses ainda com características aristocráticas.
No Brasil, os grupos da elite imperial mantêm vivo o
costume da dança que se populariza no período Regencial, ao comando de grandes
mestres do gênero, como Milliet e Cavalier, que tocavam as músicas de Musard, o
"pai das quadrilhas", e Tolbecque. Num dinâmico processo de
apropriações e ressignificações inerente às expressões culturais, a quadrilha
foi se configurando com características bastante especiais. Retorna ao campo,
fazendo parte dos festejos populares, geralmente ligados às celebrações do
período junino.
É dança de origem francesa (quadrille),
cujo nome, segundo Eugéne Giraudet, é diminutivo de squadra, vocábulo italiano
que significa companhia de soldados disposta em quadrado. Este nome foi dado,
mais tarde, a um grupo de quatro pares, e de squadra passou para quadrille. Surgiu
em Paris, no século XVIII. Musard foi considerado o pai das quadrilhas.
Dança derivada da contredanse française,
que por sua vez é uma adaptação da country danse, inglesa, introduzida na
França. A quadrilha resultou da disposição dos dançadores daquela em quadrado.
A quadrille française, compunha-se de cinco figuras básicas, que serviram de
ponto de partida para as variações que delas se originaram: pantalon, eté,
Poule, Pastourelle e chassé-croisé.
A quadrilha apresentava na França,
inúmeras modalidades. Entre as conhecidas, no fim do século XIX, destacamos:
quadrille des lanciers, quadrille american, quadrille des familles. A quadrilha
era dança aristocrática, que iniciava os bailes de corte na Europa, preferida
pela sociedade da época. Foi trazida para as Américas, onde os salões
acolheram-na efusivamente e depois se transportou para o povo que lhe
transformou as figuras ou lhe anexou novas, assim como fez com sua música e
seus comandos. Deu origem às danças sul-americanas cielito e pericon e, nos
Estados Unidos, às famosas square dances.
A quadrilha junina foi introduzida no
Brasil no século XIX, durante a Regência, trazida pelos mestres de orquestras
francesas Milliet e Cavalier. Brilhou durante anos na sociedade brasileira e,
ao que consta, no último baile solente do Paço (1852) foram dançadas vinte quadrilhas.
As quadrilhas antigas, em nosso país, eram executadas em cinco partes, como a
francesa, em compasso 6/8 ou 2/4, terminando sempre em galope. Mais tarde foram
vistas concluídas por polca ou mazurca. Vimo-la em 1945, em Santa Rita do
Passa-Quatro (São Paulo) executada em quatro partes e encerrada com valsa
antiga, como ainda fazem em Itapeva e Assis (1961) no estado de São Paulo,
sendo que nestas duas localidades antes da valsa dançam o galopeio,
reminiscência do galope, registrado no mesmo ano em França.Em Piracicaba,
(1957) neste estado, foi terminada com o miudinho e iniciada com polca, para
que os pares, de braços dados, entrassem e se colocassem nos lugares.
Geralmente concluída com danças de pares enlaçados, como as enumeradas acima,
foi observada terminando com uma de suas próprias figuras: O Grande Passeio.
Na quadrilha o marcador ou
"marcante" é elemento imprescindível, pois dirige a dança, dando as
vozes de comando, para a execução das figuras. A sequência da dança e as
figuras de que se compõe dependem desse personagem. Em Piracicaba é encontrada,
também, a "contra-marcante", o que não é frequente e todavia não
estranhável, porque na quadrille des familles, francesa, havia um par
dirigente.É marcada quase sempre, mesmo nos dias atuais, em francês não muito
correto ou combinado com português. Naquele idioma persistiram os termos
básicos, e os novos, próprios a cada localidade, geralmente populares e
típicos, aparecem expressos na língua pátria.O acompanhamento instrumental da
quadrilha é geralmente, sanfona, (uma ou duas) vendo-se, ainda, viola ou
violão. Quanto à sua música, os compositores brasileiros deram-lhe colorido
nacional.Esta dança, no Brasil, ultrapassou os salões e a sua difusão foi
tamanha que deu origem a outras danças no mesmo estilo, como sejam: a quadrilha
caipira, no estado de São Paulo, o saruê, no Brasil central, o baile
sifilítico, na Bahia e Goiás, e a mana chica no estado do Rio de Janeiro.
As quadrilhas foram sendo gradativamente
substituídas por danças de salão mais modernas e hoje estão quase
desaparecidas. Surge, apenas, nas festas juninas, nas cidades e em comemorações
festivas no meio rural. Mesmo assim a grande variedade de suas figuras nos
permitiu apresentar, na segunda edição, o registro de várias que não constam na
de Santa Rita de Passa-Quatro, exposta adiante. Dessas figuras, recolhidas em
diferentes localidades paulistas, a maioria foi registrada por nós in loco, em
épocas diversas, outras aprendemos com pessoas que as dançaram nas cidades
mencionadas. Não incluídas nesta edição, por motivo de força maior,
reaparecerão, aumentadas, na próxima, atestando a diversidade imprevisível e a
abundância dos mesmos.
Partindo dessa ótica, os estudos colocam que
a dança de quadrilha teve origem na Inglaterra, por volta dos séculos XIII e
XIV. A guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra, serviu também para
promover uma transferência cultural entre esses países. A França adotou a
quadrilha e levou-a para os palácios, tornando-a assim uma dança nobre.
Rapidamente se espalhou por toda a Europa, sendo assim uma dança presente em
todas as festividades da nobreza.
Nota-se que, numa
coincidência que a Sociologia e a História explicam muito bem, uma dança
nascida no meio do povo seis ou sete séculos atrás, voltou ao povo, em outro
país e outra etnia, mas praticamente conservando a mesma função antropológica,
social e cultural. A Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra, acabaria
levando a "country dance para a França. Lá, a palavra se afrancesou,
transformou-se em contredance , uma dança em que os pares executam a coreografia,
frente à frente, ou "vis-à-vis". A "contredance" se
aportuguesou como "contradança" e quadrilha, mas que implica a
formação de pares em alas apostas; a palavra é provavelmente derivada da
"country dance" inglesa.
Em dois séculos, a
contradança perdeu aquela sua característica camponesa e rural para tornar-se a
dança nobre por excelência, conquistando, primeiramente, a corte francesa e. em
seguida, todas as cortes européias, incluindo a portuguesa.Chegou-se ao ponto
de, no século 18, ela ter sido a grande dança protocolar, de abertura dos
bailes da corte. A medida que ela foi se popularizando, principalmente no
Brasil e Portugal, o nome quadrilha' foi começando a ser usado, seguindo,
aliás,uma terminologia utilizada na Espanha e na Itália, onde identificava a
contradança, dançada por quatro pessoas. Desta"quadrilha de quatro derivou
a "quadrilha geral.
Dentro do contexto essa
dança de salão, típica da nobreza, caiu nas graças do nosso povo animado e
festeiro. É importante lembrar que a quadrilha é uma dança característica dos
caipiras, pessoas que moram na roça e têm costumes muito pitoresco.
Hoje, porém, a dança
apresenta marcação alternadamente, em português e francês macarrônico e mesmo
em francês e linguagem sertaneja, utilizando expressões como:
"Balancê" que quer dizer Balancer, significando que todos os
participantes devem dançar balançando em seus lugares, pares desligados. "Cumprimenta
vis-à-vis. Avan tú", que quer dizer avançar para o centro a fim de
cumprimentar com aceno de cabeça. "Anarriér”, que quer dizer voltar aos
seus lugares.
Em 1952 foram
apresentadas, simultaneamente, 20 quadrilhas pelo “Baile do Poço” o que
demonstrava o quanto este gênero era apreciado aqui no Brasil. Os compositores
brasileiros tomaram gosto pelo gênero e hoje em dia as quadrilhas possuem
características bem nacionais.
A quadrilha
tradicional é dançada em homenagem aos santos juninos (Santo Antônio, São João
e São Pedro) e para agradecer as boas colheitas na roça. Tal festejo é
importante pois o homem do campo é muito religioso, devoto e respeitoso a Deus.
Dançar, comemorar e agradecer.Em quase todo o Brasil, a quadrilha é dançada por
um número par de casais e a quantidade de participantes da dança é determinada
pelo tamanho do espaço que se tem para dançar. A quadrilha é comandada por um
marcador, que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas.
Existem diversas marcações para uma quadrilha e, a cada ano, vão surgindo novos
comandos, baseados nos acontecimentos nacionais e na criatividade dos grupos e
marcadores. A marcação que apresentamos é uma das mais tradicionais e simples.
Os comandos mais utilizados são (podem ocorrer variantes dependendo da região).
A quadrilha junina é também chamada de quadrilha
caipira ou de quadrilha matuta, é muito comum nas festas juninas. Consta de
diversas evoluções em pares e é aberta pelo noivo e pela noiva, pois a
quadrilha representa o grande baile do casamento que hipoteticamente se
realizou.A sanfona, o triângulo e a zabumba são os instrumentos musicais que em
geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola e o violão.
O marcador, ou "marcante", da quadrilha
desempenha papel fundamental, pois é ele que dá a voz de comando em francês não
muito correto misturado com o português e dirige as evoluções da dança. Hoje,
dança-se a quadrilha apenas nas festas juninas e em comemorações festivas no
meio rural. A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo e caipira, mas também
é dançada em outras regiões de maneira muito própria, caso de Belém do Pará,
onde há mistura com outras danças regionais. Ali, há o comando do marcador e
durante a evolução da quadrilha dança-se o carimbó, o xote, o siriá e o lundum,
sempre com os trajes típicos.
A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo e
caipira, mas também é dançada em outras regiões de maneira muito própria, caso
de Belém do Pará, onde há mistura com outras danças regionais. Ali, há o
comando do marcador e durante a evolução da quadrilha dança-se o carimbó, o
xote, o siriá e o lundum, sempre com os trajes típicos.
Quanto aos trajes no fim do século XIX as damas que
dançavam a quadrilha usavam vestidos até os pés, sem muita roda, no estilo
blusão, com gola alta, cintura marcada, mangas "presunto" (como são?)
e botinas de salto abotoadas do lado. Os cavalheiros vestiam paletó até o
joelho, com três botões, colete, calças estreitas, camisa de colarinho duro,
gravata de laço e botinas.
Hoje em dia, na tradição rural brasileira, o
vestuário típico das festas juninas não difere do de outras festas: homens e
mulheres usam suas melhores roupas. Nos centros urbanos, há uma interpretação
do vestuário caipira ou sertanejo baseada no hábito de confeccionar roupas
femininas com tecido de chita florido e as masculinas com tecidos de algodão
listrados e escuros. Assim, as roupas usadas para dançar a quadrilha variam
conforme as características culturais de cada região do país.
Os trajes mais comuns são: para os cavalheiros,
camisa de estampa xadrez, com imitação de remendos na calça e na camisa, chapéu
de palha, talvez um lenço no pescoço e botas de cano; as damas geralmente usam
vestidos com estampas florais, de cores fortes, com babados e rendas, mangas
bufantes e laçarotes no cabelo ou chapéu de palha.
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