segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

INDUMENTARIA JUNINA 2013



O CONTEXTO HISTÓRICO DA QUADRILHA JUNINA NO BRASIL


O contexto histórico nos mostra que as danças campestres da Normandia e da Inglaterra, no século XVIII, foram o grande berço das quadrilhas juninas. No século XIX, dos salões nobres das cortes francesas, a dança espalhou-se por todo o continente europeu, chegando ao Brasil com os portugueses ainda com características aristocráticas.
No Brasil, os grupos da elite imperial mantêm vivo o costume da dança que se populariza no período Regencial, ao comando de grandes mestres do gênero, como Milliet e Cavalier, que tocavam as músicas de Musard, o "pai das quadrilhas", e Tolbecque. Num dinâmico processo de apropriações e ressignificações inerente às expressões culturais, a quadrilha foi se configurando com características bastante especiais. Retorna ao campo, fazendo parte dos festejos populares, geralmente ligados às celebrações do período junino.
É dança de origem francesa (quadrille), cujo nome, segundo Eugéne Giraudet, é diminutivo de squadra, vocábulo italiano que significa companhia de soldados disposta em quadrado. Este nome foi dado, mais tarde, a um grupo de quatro pares, e de squadra passou para quadrille. Surgiu em Paris, no século XVIII. Musard foi considerado o pai das quadrilhas.
Dança derivada da contredanse française, que por sua vez é uma adaptação da country danse, inglesa, introduzida na França. A quadrilha resultou da disposição dos dançadores daquela em quadrado. A quadrille française, compunha-se de cinco figuras básicas, que serviram de ponto de partida para as variações que delas se originaram: pantalon, eté, Poule, Pastourelle e chassé-croisé.
A quadrilha apresentava na França, inúmeras modalidades. Entre as conhecidas, no fim do século XIX, destacamos: quadrille des lanciers, quadrille american, quadrille des familles. A quadrilha era dança aristocrática, que iniciava os bailes de corte na Europa, preferida pela sociedade da época. Foi trazida para as Américas, onde os salões acolheram-na efusivamente e depois se transportou para o povo que lhe transformou as figuras ou lhe anexou novas, assim como fez com sua música e seus comandos. Deu origem às danças sul-americanas cielito e pericon e, nos Estados Unidos, às famosas square dances.
A quadrilha junina foi introduzida no Brasil no século XIX, durante a Regência, trazida pelos mestres de orquestras francesas Milliet e Cavalier. Brilhou durante anos na sociedade brasileira e, ao que consta, no último baile solente do Paço (1852) foram dançadas vinte quadrilhas. As quadrilhas antigas, em nosso país, eram executadas em cinco partes, como a francesa, em compasso 6/8 ou 2/4, terminando sempre em galope. Mais tarde foram vistas concluídas por polca ou mazurca. Vimo-la em 1945, em Santa Rita do Passa-Quatro (São Paulo) executada em quatro partes e encerrada com valsa antiga, como ainda fazem em Itapeva e Assis (1961) no estado de São Paulo, sendo que nestas duas localidades antes da valsa dançam o galopeio, reminiscência do galope, registrado no mesmo ano em França.Em Piracicaba, (1957) neste estado, foi terminada com o miudinho e iniciada com polca, para que os pares, de braços dados, entrassem e se colocassem nos lugares. Geralmente concluída com danças de pares enlaçados, como as enumeradas acima, foi observada terminando com uma de suas próprias figuras: O Grande Passeio.
Na quadrilha o marcador ou "marcante" é elemento imprescindível, pois dirige a dança, dando as vozes de comando, para a execução das figuras. A sequência da dança e as figuras de que se compõe dependem desse personagem. Em Piracicaba é encontrada, também, a "contra-marcante", o que não é frequente e todavia não estranhável, porque na quadrille des familles, francesa, havia um par dirigente.É marcada quase sempre, mesmo nos dias atuais, em francês não muito correto ou combinado com português. Naquele idioma persistiram os termos básicos, e os novos, próprios a cada localidade, geralmente populares e típicos, aparecem expressos na língua pátria.O acompanhamento instrumental da quadrilha é geralmente, sanfona, (uma ou duas) vendo-se, ainda, viola ou violão. Quanto à sua música, os compositores brasileiros deram-lhe colorido nacional.Esta dança, no Brasil, ultrapassou os salões e a sua difusão foi tamanha que deu origem a outras danças no mesmo estilo, como sejam: a quadrilha caipira, no estado de São Paulo, o saruê, no Brasil central, o baile sifilítico, na Bahia e Goiás, e a mana chica no estado do Rio de Janeiro.
As quadrilhas foram sendo gradativamente substituídas por danças de salão mais modernas e hoje estão quase desaparecidas. Surge, apenas, nas festas juninas, nas cidades e em comemorações festivas no meio rural. Mesmo assim a grande variedade de suas figuras nos permitiu apresentar, na segunda edição, o registro de várias que não constam na de Santa Rita de Passa-Quatro, exposta adiante. Dessas figuras, recolhidas em diferentes localidades paulistas, a maioria foi registrada por nós in loco, em épocas diversas, outras aprendemos com pessoas que as dançaram nas cidades mencionadas. Não incluídas nesta edição, por motivo de força maior, reaparecerão, aumentadas, na próxima, atestando a diversidade imprevisível e a abundância dos mesmos.
Partindo dessa ótica, os estudos colocam que a dança de quadrilha teve origem na Inglaterra, por volta dos séculos XIII e XIV. A guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra, serviu também para promover uma transferência cultural entre esses países. A França adotou a quadrilha e levou-a para os palácios, tornando-a assim uma dança nobre. Rapidamente se espalhou por toda a Europa, sendo assim uma dança presente em todas as festividades da nobreza.
Nota-se que, numa coincidência que a Sociologia e a História explicam muito bem, uma dança nascida no meio do povo seis ou sete séculos atrás, voltou ao povo, em outro país e outra etnia, mas praticamente conservando a mesma função antropológica, social e cultural. A Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra, acabaria levando a "country dance para a França. Lá, a palavra se afrancesou, transformou-se em contredance , uma dança em que os pares executam a coreografia, frente à frente, ou "vis-à-vis". A "contredance" se aportuguesou como "contradança" e quadrilha, mas que implica a formação de pares em alas apostas; a palavra é provavelmente derivada da "country dance" inglesa.
Em dois séculos, a contradança perdeu aquela sua característica camponesa e rural para tornar-se a dança nobre por excelência, conquistando, primeiramente, a corte francesa e. em seguida, todas as cortes européias, incluindo a portuguesa.Chegou-se ao ponto de, no século 18, ela ter sido a grande dança protocolar, de abertura dos bailes da corte. A medida que ela foi se popularizando, principalmente no Brasil e Portugal, o nome quadrilha' foi começando a ser usado, seguindo, aliás,uma terminologia utilizada na Espanha e na Itália, onde identificava a contradança, dançada por quatro pessoas. Desta"quadrilha de quatro derivou a "quadrilha geral.
Dentro do contexto essa dança de salão, típica da nobreza, caiu nas graças do nosso povo animado e festeiro. É importante lembrar que a quadrilha é uma dança característica dos caipiras, pessoas que moram na roça e têm costumes muito pitoresco.
Hoje, porém, a dança apresenta marcação alternadamente, em português e francês macarrônico e mesmo em francês e linguagem sertaneja, utilizando expressões como: "Balancê" que quer dizer Balancer, significando que todos os participantes devem dançar balançando em seus lugares, pares desligados. "Cumprimenta vis-à-vis. Avan tú", que quer dizer avançar para o centro a fim de cumprimentar com aceno de cabeça. "Anarriér”, que quer dizer voltar aos seus lugares.
Em 1952 foram apresentadas, simultaneamente, 20 quadrilhas pelo “Baile do Poço” o que demonstrava o quanto este gênero era apreciado aqui no Brasil. Os compositores brasileiros tomaram gosto pelo gênero e hoje em dia as quadrilhas possuem características bem nacionais.
A quadrilha tradicional é dançada em homenagem aos santos juninos (Santo Antônio, São João e São Pedro) e para agradecer as boas colheitas na roça. Tal festejo é importante pois o homem do campo é muito religioso, devoto e respeitoso a Deus. Dançar, comemorar e agradecer.Em quase todo o Brasil, a quadrilha é dançada por um número par de casais e a quantidade de participantes da dança é determinada pelo tamanho do espaço que se tem para dançar. A quadrilha é comandada por um marcador, que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas. Existem diversas marcações para uma quadrilha e, a cada ano, vão surgindo novos comandos, baseados nos acontecimentos nacionais e na criatividade dos grupos e marcadores. A marcação que apresentamos é uma das mais tradicionais e simples. Os comandos mais utilizados são (podem ocorrer variantes dependendo da região).
A quadrilha junina é também chamada de quadrilha caipira ou de quadrilha matuta, é muito comum nas festas juninas. Consta de diversas evoluções em pares e é aberta pelo noivo e pela noiva, pois a quadrilha representa o grande baile do casamento que hipoteticamente se realizou.A sanfona, o triângulo e a zabumba são os instrumentos musicais que em geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola e o violão.
O marcador, ou "marcante", da quadrilha desempenha papel fundamental, pois é ele que dá a voz de comando em francês não muito correto misturado com o português e dirige as evoluções da dança. Hoje, dança-se a quadrilha apenas nas festas juninas e em comemorações festivas no meio rural. A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo e caipira, mas também é dançada em outras regiões de maneira muito própria, caso de Belém do Pará, onde há mistura com outras danças regionais. Ali, há o comando do marcador e durante a evolução da quadrilha dança-se o carimbó, o xote, o siriá e o lundum, sempre com os trajes típicos.
A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo e caipira, mas também é dançada em outras regiões de maneira muito própria, caso de Belém do Pará, onde há mistura com outras danças regionais. Ali, há o comando do marcador e durante a evolução da quadrilha dança-se o carimbó, o xote, o siriá e o lundum, sempre com os trajes típicos.
Quanto aos trajes no fim do século XIX as damas que dançavam a quadrilha usavam vestidos até os pés, sem muita roda, no estilo blusão, com gola alta, cintura marcada, mangas "presunto" (como são?) e botinas de salto abotoadas do lado. Os cavalheiros vestiam paletó até o joelho, com três botões, colete, calças estreitas, camisa de colarinho duro, gravata de laço e botinas.
Hoje em dia, na tradição rural brasileira, o vestuário típico das festas juninas não difere do de outras festas: homens e mulheres usam suas melhores roupas. Nos centros urbanos, há uma interpretação do vestuário caipira ou sertanejo baseada no hábito de confeccionar roupas femininas com tecido de chita florido e as masculinas com tecidos de algodão listrados e escuros. Assim, as roupas usadas para dançar a quadrilha variam conforme as características culturais de cada região do país.
Os trajes mais comuns são: para os cavalheiros, camisa de estampa xadrez, com imitação de remendos na calça e na camisa, chapéu de palha, talvez um lenço no pescoço e botas de cano; as damas geralmente usam vestidos com estampas florais, de cores fortes, com babados e rendas, mangas bufantes e laçarotes no cabelo ou chapéu de palha.

INDUMENTARIA JUNINA